domingo, 11 de dezembro de 2011

Desafio Literário 2012



O meu desafio literário de 2011 (aquele de ler 50 livros durante o ano) está sendo cumprido com sucesso. Estou no livro número 49 - Amor sem fim, de Ian McEwan - e ainda faltam três semaninhas para o fim do ano. Para o ano que vem, resolvi tentar um diferente, por isso me inscrevi do Desafio Literário deste blog aqui, que dá temas específicos para cada mês. Serão 24 livros no ano com esses temas, e, no tempo livre, eu leio outra coisa fora do tema. Então, sendo 12 temas, são dois livros por mês, mas eu coloquei alguns a mais para poder mudar de ideia durante o caminho. Ainda assim, eles estão mais ou menos em ordem de leitura. O desafio veio por influência materna! Então, se você quiser acompanhar a lista da "Babãe" também, "clicaki"! Mais alguém se anima?


Janeiro - Literatura Gastronômica
- A mesa voadora - Veríssimo [resenha]
- Sangue, Ossos e Manteiga - Gabrielle Hamilton [resenha]
- Como Água para Chocolate - Laura Esquivel
- Escola de sabores - Erica Baurmeister [resenha]

Fevereiro - Nome Próprio
- Madame Bovary - Flaubert
- Benjamim - Chico Buarque
- Emma - Jane Austen [resenha]
- Anna Karenina - Tolstoi

Março - Serial Killer
- Dexter: A mão esquerda de Deus - Jeff Lindsay [resenha]
- O Silêncio dos Inocentes - Thomas Harris
- Eu Mato - Giorgio Faletti [resenha]

Abril - Escritor(a) oriental
- A Montanha e o Rio - Da Chen
- Mar de Papoulas - Amitav Ghosh [resenha]
- País das Neves - Yasunari Kawabata

Maio - Fatos Históricos
- Por quem os sinos dobram - Ernest Hemingway (Guerra Civil Espanhola) [resenha]
- Casados com Paris - Paula McLain (Paris na década de 20) [resenha]
- O americano tranquilo - Graham Greene (Primeira Guerra do Vietnã) [resenha]
- As meninas - Lygia Fagundes Telles (Ditadura Militar) [resenha]

Junho - Viagem no Tempo
- A Mulher do Viajante no Tempo - Audrey Niffenegger
- A Máquina do Tempo - H. G. Wells [resenha]

Julho - Prêmio Jabuti
- O filho eterno - Cristóvão Tezza
- A vida que ninguém vê - Eliane Brum
- A Hora da Estrela - Clarice Lispector

Agosto - Terror
- O iluminado - Stephen King
- Contos do Terror - Edgar Allan Poe
- O Cemitério de Praga – Umberto Eco

Setembro - Mitologia universal
- A criança roubada - Keith Donohue
- Sonho de uma Noite de Verão - William Shakespeare
- Os Trabalhos de Hércules - Agatha Christie

Outubro - Graphic Novel
- O Edifício - Will Eisner
- Área de Segurança Gorazde - Joe Sacco
- Watchmen - Alan Moore
- O Hobbit - JRR Tolkien

Novembro - Escritor(a) africano
- Um Rio Chamado Tempo, Um Casa Chamada Terra - Mia Couto (Moçambique)
- O Último Voo do Flamingo - Mia Couto (Moçambique)
- Muito longe de casa - Ishmael Beah (Serra Leoa)

Dezembro – Poesia
- Nova Antologia Poética - Vinícius de Moraes
- Para Viver com Poesia - Mario Quintana
- Morte e Vida Severina e outros poemas em voz alta - João Cabral de Melo Neto

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O que ler?

A Publishing Perspectives escreveu um post sobre como era deixar que algoritmos escolhessem a sua próxima leitura, ou seja, se você já usou algum daqueles sites que procuram suas preferências literárias e escolhem o próximo livro que você deve ler. Deixar uma máquina escolher o seu passatempo da próxima semana pode parecer creepy, mas, se você segue os mesmos padrões, porque não? Afinal, quem é que nunca usou o Pandora, ou o Musicovery para selecionar uma playlist e conhecer mésicas novas?

Total "faça o que eu digo", porque eu mesma nunca entrei nessa furada. Se você quiser testar, seguem três sites que se propõem a definir a sua estante de acordo com os seus gostos:


terça-feira, 26 de julho de 2011

A Apple é do mal. Mas é uma linda

Esta semana, a maçãzinha linda do meu coração, dona do meu iPad, que me traz tantas felicidades, andou comendo criancinhas novamente. Desconfiei de que alguma coisa estava errada quando o Kindle me avisou que havia uma atualização do aplicativo deles para baixar. Entre as especificações do download: "Esta atualização retira o botão de acesso à Kindle Store. Oi? Mas esse botão não era super importante? Não é lá que compramos os livros? Não entendi.

Hoje eu entendi. A Apple proibiu todas as empresas de venderem livros a partir de seus aplicativos, como o Kindle for iPad. Facilmente compreensível, visto que o aplicativo do Kindle faz muito mais sucesso que o iBooks, da Apple, por uma questão bem óbvia. A Amazon tem um catálogo muito maior que a Apple, que só tem livros velhos ou não interessantes. Best-seller é na Amazon. Com um tiro só, a Apple conseguiu atingir vários outros leitores (como o Nook, da Barnes & Noble, que também tem aplicativo para iPad), mesmo a sua briga sendo diretamente com a Amazon.

Mas não criemos "cânico". A venda continua liberada pela internet, só não pode mais ser feita tão rapidamente quanto era pelo aplicativo. Ainda assim, se eu não me engano, continua podendo ser feita pelo Safari, do seu próprio iPad, entrando no site da Amazon e depois baixando para o seu Kindle for iPad. Lá se vão os 60 segundos de prazo da Amazon, mas nada que faça você fuçar o site do iBooks (até porque não vai encontrar grandíssimo acervo lá).

Aliás, já tenho uma lista de compras para a Amazon Digital. Depois conto as minhas aquisições.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Acaba uma geração de leitores. E começa outra

As últimas semanas foram marcadas, para quem acompanhou o mundo do cinema, pelo último filme de uma geração inteira de Harry Potters. Se para uns significa o fim de seus maiores ídolos, para outros significa o fim de um montante bilionário em vendas de ingressos, livros e merchandising. Tudo isso proporcionado por uma escritora de primeira viagem em quem nenhuma editora queria acreditar, mesmo aqui no Brasil. Em plena era de debate tecnológico sobre o fim ou não dos livros impressos, pouco se fala sobre os livros infantis, apesar de o fenômeno Harry Potter ter sustentado as vendas lá no alto durante tanto tempo. Responsáveis pelo ensino e crescimento de uma geração, os livros infantis - de romance, que não se misturem com os livros didáticos - costumam sofrer com o esquecimento e do excesso de zelo.

As altas vendas dos livros - e, mais tarde dos filmes - da série do bruxo, surpreenderam todas as editoras inglesas, que pensavam que livros tão grandes não seriam lidos por crianças tão pequenas, e que bruxaria não tinham espaço nas livrarias. Mais tarde, a dúvida veio parar nas editoras brasileiras, que acreditavam que livros tão grandes poderiam, sim, serem lidos por crianças pequenas, mas inglesas, e não brasileiras. O fato é que, salvo algumas exceções, os livros infantis vinham sendo feitos para adultos, e não para crianças. Isso porque o público-alvo acabava sendo o pai ou o professor, em vez dos próprios pequenos.

Profissionais do ramo explicam: ao contrário da literatura adulta, na infantil, não é o consumidor - a criança - que escolhe o que vai ler, e sim um adulto. Por isso, os livros são feitos para chamarem a atenção deles, geralmente trazendo uma mensagem politicamente correta, ou algum material escolar embutido, para que seja vendido como os chamados “paradidáticos”. Mas criança não é boba, e sabe identificar muito bem um material que foi feito para ela. Os paradidáticos têm ainda o argumento contra de que são feitos sobre um molde politicamente correto, senão não poderiam ser vendidos para escolas ou para o governo, o que significa uma parcela considerável do dinheiro que rola nas editoras.

Nada contra esse tipo de livro, mas não é literatura. Não rompe com paradigmas, não causa incômodo, não deixa nada a pensar, além daquilo que se vê nas ruas e na televisão diariamente. Literatura é outra coisa, mesmo que seja infantil. Outra crítica feita hoje, e que favorece muito J. K. Rowling - a autora antes pobre, e hoje milionária de Harry Potter - é a luta contra a infantilização do livro infantil. A editora Dolores Pradas defendeu recentemente, em uma aula a futuros editores, que os livros infantis tenham mais profundidade. Se não é considerada “alta literatura”, Rowling ao menos conseguiu preencher a mente infantil com mundos mágicos, palavras inventadas e complicadas, tramas elaboradas e muitas, muitas páginas, que duraram anos nas livrarias, ou seja, nada de infantilização do público.

Infelizmente, o fim da série deixa um vácuo para as próximas gerações. Quem vai suprir o espaço deixado pelos Harry Potters, ocupando o papel de entreter pura e simplesmente as futuras crianças leitoras? Quem será a próxima J. K. Rowling, que vai compreender o que a criança quer ler, e formar o futuro leitor de obras cada vez mais elaboradas e clássicas. Segundo Dolores, a importância da literatura infantil é tamanha que, depois dela, uma criança leitora não precisa do degrau “literatura juvenil”, ela pula dos Harry Potters diretamente para as Agathas Christies e Victor Hugos, sem passar pelos vampiros - que hoje ocupam grande parte das livrarias.

Com o advento do livro digital, ficou muito mais fácil chamar a atenção. Hoje os livros brilham, falam e cantam, mas ainda não superam as 500 páginas de cada exemplar do bruxo em quem ninguém quis apostar. Se para uns pareceu uma febre passageira, que lotou os cinemas das últimas semanas de crianças fantasiadas, outros torcem para que seja mesmo passageira, ou seja, para que seja logo substituída por muitos outros livros do mesmo calibre. Não uma nova coleção de bruxos, vampiros ou lobisomens, mas uma nova geração de leitores, que procuram livros cada vez mais encorpados porque foram preparados - e muito bem preparados - por Rowlings e Tolkiens durante a infância.

Publicado no último domingo no jornal O Debate

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Vossa excelência: as capas!

Eu julgo pela capa. Julgo, e julgo muito bem, com licença. Já falei isso em outras ocasiões, mas como este é um blog novo, acho bom colocar logo tudo para fora para que vocês possam reclamar de uma vez. Livros com capas bonitas e agradáveis significam livros que tiveram um cuidado maior. Tanto da editora, quanto do autor e do designer (significa que houve um designer!).

Claro que algumas vezes isso pode ser substituído por "Oh meu deus, o que fizeram com esse livro tão bom!?". É como vestir uma princesa com roupas de piriguete. É o que fizeram com Pilares da Terra, uma obra prima dos livros épicos, que foi vestido por uma tia malvada e brega ou então cuspido de um trabalho do Ensino Fundamental feito no Power Point.

Por outro lado, tem como não se apaixonar por capas como "A menina que roubava livros", "A menina que não sabia ler" (a repetição de títulos é assunto para outro post!), "Pequena Abelha", "Clarice," e tantos outros que conseguem traduzir o espírito do livro sem contar nada sobre ele?

Confesso que tenho um certo medo dessas capas perderem a importância diante do mundo dos ebooks (muito para frente!). Isso porque, nos livros virtuais, as capas são em p&b, salvo em tablets, ou muito pequenas. Com isso, corre-se o risco de darem um valor menor a uma parte tão importante.

Alguns designers de capa têm páginas na internet para mostrarem os seus trabalhos (alguns mostram ainda o making off antes do livro ser publicado) outros fazem uma lista dos melhores trabalhos lançados ultimamente, e vale a pena a visita. Estes são alguns tirados do meu RSS!

Caustic Cover Critic
David Drummond
The Book Design Review
Book Cover Archive
Book Covers Anonymous
Book Covers

terça-feira, 5 de julho de 2011

Como escolher uma capa de sucesso


Bom, se você for julgar pela lista dos livros mais vendidos da Saraiva, é só escolher um casal bonitinho e colocar os dois em uma foto piegas direto de um filme romântico da Sessão da Tarde. Vende que é uma beleza!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

I [heart] iPad

Sofro de paixonite aguda pelo iPad. Desde que abri a mente e a conta bancária para aumentar a minha lista de gadgets, sinto como se eu tivesse um cachorrinho novo em casa, e eu tenho que esperar toda uma jornada de trabalho até encontrar o meu cachorrinho de novo. Muitas saudades.

Sentimentalismos à parte, agora tenho algum embasamento para poder fazer aquela comparação entre e-readers e tablets, debate que vem sendo tão estranhamente discutido por aí.

Estranhamente, sim, porque as duas coisas são simplesmente tão diferentes quanto uma televisão e uma geladeira, guardadas as devidas proporções. Entretanto, como alguém inventou que o tablet servia para ler também (santo alguém!), as comparações não pararam de aparecer. Vamos por partes:

Os e-readers têm "tinta" preta e branca, ou seja, a tecnologia e-ink responsável pela formação de imagens na tela dos e-readers ainda está monocromática - embora a versão colorida esteja em fase de testes. Por isso, se você gosta de livros de arte, gastronomia, revistas, jornais e internet, esqueça os e-readers por enquanto. Enquanto isso, o iPad é lindamente colorido, a resolução é ótima e qualquer revista fica convidativa até não poder mais com ele.

Os e-readers utilizam a tecnologia e-ink, enquanto os tablets têm a tela parecida com a de alguns notebooks, o que significa que você vai aguentar menos tempo na frente dele do que dos readers. Entretanto, o iBooks e os aplicativos como do Kindle para iPad são muito mais organizados do que os aplicativos próprios dos e-readers.

O iBooks lê PDFs e ePUBs sem DRM. Muitas siglas? PDF você conhece, são os nossos velhos companheiros de faculdade, e é uma grande mão na roda eles poderem ser lidos, já que um ou outro e-reader por aí não lê, ou, pelo menos, lê todo desconfigurado. ePUB é o formato da maior parte dos livros virtuais e DRM é o cadeado dos infernos que mantém ele preso e te impede de emprestar à sua avó, que gosta tanto de ler. Se a Amazon poderia mostrar algum problema com isso, já que os livros dela são todos com DRM, fez bem melhor: criou o aplicativo Kindle que funciona tanto no iPad, quanto no iPhone, no PC e onde mais você conseguir instalar e todos os livros que você comprar dela ficam "nas nuvens", ou seja, você pode parar a leitura em um lugar e continuar de onde parou em outro (quer nascer em década mais linda [tecnologicamente] que essa?).

É um pouco mais difícil manter a atenção se você tem um iPad! Isso porque ele faz tanta coisa, que só falta plantar bananeira, então não dou nem 10 páginas até você querer checar o seu Twitter ou Facebook antes de voltar para a leitura.

Embora alguns e-readers acessem a internet, essa não é a função deles, por isso não conte com eles para isso. Os tablets, por outro lado, vivem disso. São perfeitos para revistas e jornais, ainda mais do que livros.

Além disso, eu já falei que ele é lindo?

terça-feira, 28 de junho de 2011

Desafio 2: Agatha Christie

Estou vendo um monte de desafios literários se proliferarem na internet. Acho ótimo, porque é um modo de forçar as pessoas a lerem mais e coisas diferentes. Este de hoje me foi apresentado pela minha mãe, que viu isso em algum outro blog que eu não lembro qual (desculpe a falta de créditos!). Achei super pretensioso, mas possível: ler todas as obras de Agatha Christie na ordem cronológica.

Para quem é um grande leitor da escritora, a parte "cronologicamente" já era, porque aqui os livros foram aparecendo meio fora de ordem ou em coleções não-cronológicas, mas já é mais fácil pela quantidade de livros. Eu posso dizer que não li Agatha Christie e ponto final. Li um livro e, mesmo assim, não me lembro de nada, por isso posso começar em ordem tranquilamente e vou demorar muitos anos para terminar (até porque eu não vou ler só isso na minha vida, né?). Mas se ela conseguiu escrever todos esses livros em uma vida, porque eu não conseguiria ler todos eles?

Começa agora outro desafio. Sem prazo para acabar.

A lista de todos os livros está no post completo (tive que dividir o post para não ficar grande demais). Para ver, clique em "Desafio Agatha Christie", no menu.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Livro digital sem imposto: #oremos

Para alegria dos leitores - e certo medinho das empresas responsáveis pelos e-readers nacionais - segue no plenário um projeto de lei que modifica a Política Nacional do Livro (PNL), instituída em 2003, que regulava, entre outras coisas, a tributação em cima dos livros importados. Ao contrários dos irmãos de papel, os e-readers ainda não são livres de tributação, apesar de a PNL "assegurar ao cidadão o pleno exercício do direito de acesso e uso do livro; fomentar e apoiar a produção, a edição, a difusão, a distribuição e a comercialização do livro; promover e incentivar o hábito da leitura; apoiar a livre circulação do livro no País; e capacitar a população para o uso do livro como fator fundamental para seu progresso econômico, político, social e promover a justa distribuição do saber e da renda". Oras, o e-reader não é um iPad, gadget dos sonhos de muita gente [meus!] que faz de tudo. Os e-reader servem para ler. E ponto. Todas as demais funções giram em torno da leitura e servem para auxiliar ou melhorar o aprendizado.

Se a iniciativa for aceita pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, pela Câmara e, finalmente, aprovada, as empresas brasileiras que hoje correm atrás do mercado do livro digital terão que se cuidar. Hoje, ainda sai mais barato comprar o precursor dos leitores, o Kindle, da Amazon, pagando a tributação absurda de importação de eletrônicos do que comprar uma das versões brasileiras, como o Alfa, da Positivo. Mesmo a versão 3G, que possibilita a compra online de livros sem nenhum custo pela conexão, ainda sai mais barato, se não levarmos em conta os acessórios que costumam ser comprados juntos. Se a tributação cair por terra, o Kindle básico wi-fi sai por menos de 250 reais, sem contar o frete. A Positivo, hoje, consegue vender seu leitor por pouco menos que 700 reais, sem as vantagens que a Amazon oferece, de ter já um grande acervo em inglês. Se o medo não for o suficiente, some a isso a notícia de que a empresa americana deve desembarcar em terras tupiniquins no começo do ano que vem - provavelmente procurando aumentar o seu catálogo de livros em português.

Para nós leitores, pulos de alegria e figas para que o projeto de lei seja posto em prática! Para os e-readers brasileiros, muita corrida para alcançar o Kindle e conquistar os leitores daqui.


terça-feira, 17 de maio de 2011

Eu não sou um bandido sem alma

Eu tenho certeza que não nasci com tendências afanadoras, subtraístas ou qualquer outro neologismo que signifique tirar do coleguinha alguma coisa que não é minha. Mas é assim que o mundo digital, justo esse que eu amo tanto e colaboro tanto para o crescimento (subtraindo, assim, minha conta bancária), me vê. Audácia! Infelizmente, é assim que eles vão ver você também, querido entusiasta do livro digital, até que consigam inventar um jeito de proibir a pirataria (aquela que grita em alto e bom tom na Carioca) e ao mesmo tempo não irritar o bom consumidor que quer ler seus e-books em várias plataformas ou emprestar para outro amigo.

Sim, e porque não emprestar? Não é o que se faz com o livro físico? Junto com a imensa vantagem de não receber o seu livro cheio de orelhas, arranhado ou com cara de velho, vem também a desvantagem (não para você, caro leitor) de ele se multiplicar como uma ameba. Isso porque arquivos podem ser copiados, em vez de movidos, e não é nada bom para o mercado editorial se uma obra comprada se multiplicar despudoradamente por aí, afinal, os livros físicos só se reproduzem dentro da gráfica. Neste caso, você e o analfabeto funcional da Carioca que ganha a vida multiplicando Tropa de Elite antes do lançamento têm tudo em comum.

Por essas e outras que ainda não conseguimos compreender o mercado de livros digitais, e mesmo assim ele já está em cima de nós. Desculpe incomodar o silêncio da sua viagem, mas você, independentemente do DRM do seu livro (assunto para um novo post!), vai querer carregar o seu livro, comprado com o suor do seu trabalho, para onde for: tablet,  Kindle, PC, pendrive, afinal, ele é seu! Vai também querer emprestar ele para o coleguinha, afinal, é isso que se faz com um livro e, novamente, ele é seu, certo? Não, exatamente. Como achei muito bem colocado em outro post sobre o assunto, bloqueios como o DRM são dispositivos que fazem com que o legal seja muito mais complicado que o pirata, porque, convenhamos, baixar um livro pirata na internet é muito mais simples do que lidar com todas essas burocracias virtuais. Com isso, as distribuidoras de e-books acabam criando pequenos Gremlins que estariam felizes e dispostos a comprar um livro, mas dão de cara com os DRMs (a água) e resolvem piratear para salvar o que restava de paciência.

O mesmo aconteceu com a música, que agora luta para justificar a existência das gravadoras, em uma época em que qualquer pessoa grava um disco com qualidade digital no conforto de casa. Assim como a indústria da música ainda não descobriu como convencer o internauta a pagar US$ 0.99 por uma música que está disponível gratuitamente na web, o mercado editorial também vai suar para te convencer a comprar um livro digital que não vai (por enquanto) poder ser emprestado.

De uma coisa eu tenho certeza. Não nasci com tendências cleptomaníacas, só quero que o meu livro digital seja tão móvel quanto os meus livros em papel. Afinal, não foi para isso que eles vieram?

Blogueiros: a nova imprensa especializada em não se especializar

Outro dia me deparei com um exemplar de "Beatriz e Virgílio", do canadense Yann Martel, à venda por R$ 5 reais em frente à estação Carioca - olha a dica, hein, a feirinha continua lá, mas é preciso garimpar. Comprei, já que estava na onda dos "novos escritores", e fui para casa. Antes de começar a leitura - que sempre leva a uma resenha publicada em algum dos blogs parceiros - me deparei com o carimbo "Imprensa", da editora, o que significava que o livro era, na verdade, destinado a algum jornalista, mas que nunca foi resenhado. Sim, pelas condições do livro, era seguro dizer que ele nunca foi lido, gerando custo desnecessário à editora e peso desnecessário à estante do jornalista (que rapidamente se livrou dele com o primeiro sebo que encontrou, o de rua, na Carioca).

As razões do jornalista podiam ser várias: o lançamento do padre Marcelo Rossi, que mereceu mais espaço no jornal, o fato do autor não ser nada conhecido (pelo menos até o Prosa e Verso se dar ao luxo de falar brevemente sobre ele), o fato do livro ser fino (sim, as pessoas ainda julgam o livro pelo número de páginas, mais do que pela capa), ou simplesmente a quantidade absurda de livros gratuitos que os jornalistas recebem diariamente na redação.

Ah... que saudade dos livros gratuitos de resenhar. Se ao menos isso acontecesse com blogs também...

Peraí. Mas acontece!

Já que os jornalistas "de verdade" não conseguem dar conta ou não têm interesse em resenhar livros que as editoras precisam fazer conhecer (seja porque ainda não chegaram ao boca a boca, seja porque realmente encalharam desde o lançamento), os blogueiros estão aí para isso. E para as editoras que já perceberam que as mídias sociais são o caminho do futuro para a propaganda (quase) gratuita.

Blogueiros têm mais tempo e mais interesse em ler os lançamentos das editoras. Blogueiros têm credibilidade entre os leitores assíduos, tanto porque fazem o trabalho bem apesar de faltar a base técnica do jornalismo, quanto porque dão uma visão "de igual para igual" do livro. Muitas pessoas não querem a visão de um especialista em literatura, querem apenas saber se um livro é ou não digno de seu tempo.

Como a interação entre o público e as empresas ainda engatinha, principalmente no mercado editorial, algumas pisadas na bola ainda podem ser vistas nos blogs mais movimentados. Poucas são as editoras que incluem os clássicos ou os bestsellers de peso na lista de livros enviados a blogueiros. Lá, por outro lado, é onde o visitante vai encontrar as últimas notícias do mundo dos vampiros - os seres que tomaram de assalto o mundo literários dos bruxos. A ideia é que o público alvo dessas páginas são os pré-adolescentes, mas aí cabe uma ressalva. Cresce cada vez mais a procura dos mais velhos por dicas de leitura na internet, e crescerá ainda mais quanto mais popularizados estiverem os livros virtuais.

O canal de debate já existe, cabe aprender a utilizar e valorizar esses novos jornalistas "de mentira" que, sem a pretensão do bom texto e do conhecimento literário acadêmico, podem indicar ao leitor o caminho para as prateleiras mais divertidas.

domingo, 15 de maio de 2011

"O desafio" novamente e suas razões [novamente!]

Este ano, para saber exatamente quanto eu lia por ano, entrei em um desafio impulsionado pelo GoodReads, minha rede social de leitura preferida. Não fui a única. Outras pessoas que também gostam de ler entraram na minha onda. Achei que um desafio assim, assim como a minha vontade de ler, comprar livros e acompanhar os lançamentos das editoras em 2011 era passível de explicações. Eu leio porque é bom ler. Preciso de um motivo?

Aparentemente sim. Embora comprar roupas e maquiagem tenham sua razão de ser no extrato bancário de qualquer menina, [aparentemente] não acontece o mesmo com livros. Eu não deveria ter ficado surpresa com isso, tendo em vista que a média de livros lidos no Brasil é de menos de cinco por ano, isso contando somente os que se dizem leitores. E isso tendo em conta as mentiras que as pessoas dizem aos censores. Mas fiquei, por isso vamos explicar desde o início porque resolvi ler ao menos 50 livros em 2011 - Que eu tive que passar para cá, já que eu resolvi criar outra casa virtual!

Em poucas palavras, però, porque ainda há esperança nesse mundo e eu não quero frustrar essas boas almas. Eu sou jornalistas e jornalistas deveriam ler constantemente. Do tipo: acabou um, quero outro. Do tipo: o que a editora tal está lançando hoje. Eu sou alfabetizada, e desde então fui picada pelo inseto malvado da leitura - I can't help it. Eu tive uma família que nunca economizou com livros, e seria extremamente ingrato da minha parte começar isso agora. Então, queridos, 50 livros (pelo menos) serão lidos até o fim do ano. Ao menos um e-reader será comprado e repleto de livros até o fim do ano. E se você ainda não foi picado pelo monstrinho medonho da leitura... Algo pode estar errado em você!

Até agora, os lidos e resenhados (nos links!) foram:

JANEIRO
1) Aprendiz de cozinheiro - Bob Spitz
2) O guia do mochileiro das galáxias (vol.1) - Douglas Adams
3) O guia do mochileiro das galáxias (vol.2) - Douglas Adams
4) O guia do mochileiro das galáxias (vol.3) - Douglas Adams
5) O guia do mochileiro das galáxias (vol.4) - Douglas Adams
6) O guia do mochileiro das galáxias (vol.5) - Douglas Adams
7) A menina que não sabia ler - John Harding
8) A garota do pé de vidro - Ali Shaw
9) A revolução dos bichos - George Orwell
10) Pequena Abelha - Chris Cleave
11) Palácio de Inverno - John Boyne

FEVEREIRO
12) Nunca fui primeira dama - Wendy Guerra
13) A vida de Pi - Yann Martel
14) Dom Casmurro - Machado de Assis
15) On the road - Jack Kerouac

MARÇO
16) Melancia - Marian Keyes
17) Renato Russo: O Trovador Solitário - Arthur Dapieve
18) Memórias de uma gueixa - Arthur Golden
19) Hell's Angels - Hunter S. Thompson
20) Precisamos falar sobre Kevin - Lionel Shriver
21) Beatriz e Virgílio - Yann Martel

ABRIL
22) The sweet life in Paris - David Lebovitz
23) The sharper your knife, the less you cry - Kathleen Flinn

MAIO
24) Clarice, - Benjamin Moser
25) Persuasion - Jane Austen
26) Quarto - Emma Donoghue

JUNHO
27) Playing with fire - Gordon Ramsay
28) Water for elephants - Sara Gruen
29) A solidão dos números primos - Paolo Giordano
30) O senhor das moscas - William Golding

JULHO
31) O misterioso caso de Styles - Agatha Christie
32) Mil dias em Veneza - Marlena de Blasi
33) Paris é uma festa - Ernest Hemingway
34) O inimigo secreto - Agatha Christie
35) Os três mosqueteiros - Alexandre Dumas

AGOSTO
36) Um dia - David Nichols
37) Se eu fechar meus olhos agora - Edney Silvestre
38) Feliz ano velho - Marcelo Rubens Paiva

SETEMBRO
39) Como funciona a ficção - James Wood
40)Travessuras da menina má - Mário Vargas Llosa

OUTUBRO
41) Assassinato no campo de golfe - Agatha Christie
42) Poirot investiga - Agatha Christie
43) Marina - Carlos Ruiz Zafón

NOVEMBRO
44) Reparação - Ian McEwan
45) A felicidade é fácil - Edney Silvestre
46) Ao ponto - Anthony Bourdain
47) Beatriz - Cristóvão Tezza

DEZEMBRO
48) O guardião de livros - Cristina Norton
49) Amor sem fim - Ian McEwan
50) As esganadas - Jô Soares [lendo]


Só para explicar: a maioria das resenhas ainda vão diretamente para o Histórias para Ler, mas eu linko elas aqui! Outras vão para o Raiz de Gengibre, dependendo do assunto!

Kindle: ter ou não ter?

Que eu sou apaixonada pela nova era digital e que não vou sentir a menor falta do cheiro do livro, não é novidade - primeiro porque eu sou alérgica, segundo porque os livros vão continuar por aí, lindões na sua estante, não se preocupe, caro apocalíptico! Entretanto, como costuma faltar mês no fim do dinheiro, ponderar é preciso na hora de escolher o seu leitor digital. Ainda não me inteirei nesse mundo, mas pretendo, então seguem as minhas últimas descobertas e agonias.

Atualmente tenho um Positivo. Apesar do que tenho ouvido por aí, acho que a Positivo não fez feio no mercado nacional de e-readers, ganhando de longe, por exemplo, da Gato Sabido - é só brincar um pouquinho com os dois para perceber. Como a gente nunca se contenta, estou de olho no Kindle por algumas razões, então é hora de ponderar.

O Positivo usa o sistema da Saraiva para compra de livros e, vamos combinar, por mais que eu seja fã da loja de carteirinha (literalmente), ainda estamos pobríssimos em catálogo de livros digitais pagos, que dirá de livros digitais gratuitos. O sistema da Saraiva também não é lá tão bom como o do Kindle. Aliás, você pode baixar o Kindle Reader para o seu PC, já que muita gente ainda lê no próprio computador (além, claro, de poder baixar o aplicativo para iPad, iPod, iPhone, Blackberry, Android e outros). O aplicativo é gratuito e, com uma conta na Amazon, você pode baixar todos os livros gratuitos disponíveis e ainda comprar os que tiver coragem.

O preço é outro ponto a favor da Amazon. Se você não quiser entrar para a lista dos bandidos sem alma (que é como as editoras vão te ver ao baixar um arquivo PDF na internet - assunto para outro post) e estiver realmente disposto a comprar seus livros online, vai pagar preços absurdos nas lojas brasileiras. O último exemplo absurdo que eu encontrei foi o fato do bestseller "Comer, Rezar, Amar", de Elizabeth Gilbert, custar cerca de 32 reais na versão digital da Saraiva e 26 reais na versão em papel da mesma loja. Alguém me explica onde foi parar a coerência? Na Amazon, o mesmo livro sai em papel por US$ 9,90, equivalente a 16 reais, dez a menos do que comprando em terras tupiniquins. Mais uma vez, coerência?

Isso sem contar que o Kindle quebra totalmente o tabu do frete da Amazon, que costuma ser absurdamente caro (já que eles cobram tanto um frete por compra quanto um frete por item). O livro digital chega ao seu Kindle, PC, iPhone ou qualquer outro dispositivo em menos de 60 segundos.

Coisa genial que eu descobri esta semana e que dá outro banho nos brasileiros: o Kindle Reader trabalha "nas nuvens", ou seja, hospeda os seus livros em cloud, por isso, ao abrir o Kindle Reader em outro dispositivo, como seu iPad (ou o iPad emprestado do seu coleguinha), basta acessar a sua conta Amazon para ler os seus livros. E melhor, de onde parou.

Mas a Amazon come criancinhas e bloqueia os seus livros sob o nome cruel e mau de DRM, certo? Certo. Os livros da Amazon possuem um cadeado do demo chamado DRM, que não deixa que ele seja lido por um dispositivo sem Kindle Reader. But then again, a loja da Saraiva também vende livros bloqueados e nós ainda gostamos deles! Sim, o problema é que você não vai conseguir ler livros deles no seu Kindle, somente os da Amazon, os livres (sem DRM) e os desbloqueados (o que vai te colocar na lista dos bandidos sem alma).

Como a Amazon ganhou nos outros pontos, a única coisa que iria me impedir de comprar um Kindle agora (além da minha conta bancária) é o fato de não poder comprar livros em português, já que o acervo de livros brasileiros na Amazon é ainda mais precário (óbvio) que o nosso. Além disso, nem todos os livros disponíveis para os americanos estão disponíveis também para os reles Latin America and Caribean. Ainda. Ainda, porque eles estão prestes a desembarcar por aqui, chegando ao Patropi até março e trazendo com eles milhares de livros lindões e, consequentemente, pressionando as editoras a liberarem mais ebooks para serem vendidos na futura amazon.com.br.

Que os deuses da leitura digital te ouçam!

Marca Livros

O mercado editorial me pegou de jeito e, agora, a minha febre de criar blogs teve mais uma razão para continuar existindo. O meu blog pessoal já tinha virado a casaca e deixado de ser "sobre o nada" para falar sobre livros. Acabou que não se falava coisa nenhuma além da lista dos lidos. Por isso, criei um Tumblr, para descobrir e a tal nova ferramenta não era nada do que eu imaginava - muito melhor para falar sozinha e trocar figurinhas (literalmente) do que para organizar ideias. E foi por isso que voltei para o Blogger.

O Tumblr continua existindo como um "favoritos de RSS", ou seja, para catalogar todas as notícias que eu acho interessantes sobre o mercado editoral. No entanto, para o desespero dos amigos (juro que não vou obrigar ninguém a comentar, votar, ou nada do tipo nesse aqui), nasce o Marca Livros - para acompanhar as novidades editoriais na era do digital (e que era divertida) e as minhas próprias novidades dentro dela. Vou falar mal de mais um monte de coisa. Aliás, preparem-se, reclamar é comigo mesmo!