terça-feira, 17 de maio de 2011

Eu não sou um bandido sem alma

Eu tenho certeza que não nasci com tendências afanadoras, subtraístas ou qualquer outro neologismo que signifique tirar do coleguinha alguma coisa que não é minha. Mas é assim que o mundo digital, justo esse que eu amo tanto e colaboro tanto para o crescimento (subtraindo, assim, minha conta bancária), me vê. Audácia! Infelizmente, é assim que eles vão ver você também, querido entusiasta do livro digital, até que consigam inventar um jeito de proibir a pirataria (aquela que grita em alto e bom tom na Carioca) e ao mesmo tempo não irritar o bom consumidor que quer ler seus e-books em várias plataformas ou emprestar para outro amigo.

Sim, e porque não emprestar? Não é o que se faz com o livro físico? Junto com a imensa vantagem de não receber o seu livro cheio de orelhas, arranhado ou com cara de velho, vem também a desvantagem (não para você, caro leitor) de ele se multiplicar como uma ameba. Isso porque arquivos podem ser copiados, em vez de movidos, e não é nada bom para o mercado editorial se uma obra comprada se multiplicar despudoradamente por aí, afinal, os livros físicos só se reproduzem dentro da gráfica. Neste caso, você e o analfabeto funcional da Carioca que ganha a vida multiplicando Tropa de Elite antes do lançamento têm tudo em comum.

Por essas e outras que ainda não conseguimos compreender o mercado de livros digitais, e mesmo assim ele já está em cima de nós. Desculpe incomodar o silêncio da sua viagem, mas você, independentemente do DRM do seu livro (assunto para um novo post!), vai querer carregar o seu livro, comprado com o suor do seu trabalho, para onde for: tablet,  Kindle, PC, pendrive, afinal, ele é seu! Vai também querer emprestar ele para o coleguinha, afinal, é isso que se faz com um livro e, novamente, ele é seu, certo? Não, exatamente. Como achei muito bem colocado em outro post sobre o assunto, bloqueios como o DRM são dispositivos que fazem com que o legal seja muito mais complicado que o pirata, porque, convenhamos, baixar um livro pirata na internet é muito mais simples do que lidar com todas essas burocracias virtuais. Com isso, as distribuidoras de e-books acabam criando pequenos Gremlins que estariam felizes e dispostos a comprar um livro, mas dão de cara com os DRMs (a água) e resolvem piratear para salvar o que restava de paciência.

O mesmo aconteceu com a música, que agora luta para justificar a existência das gravadoras, em uma época em que qualquer pessoa grava um disco com qualidade digital no conforto de casa. Assim como a indústria da música ainda não descobriu como convencer o internauta a pagar US$ 0.99 por uma música que está disponível gratuitamente na web, o mercado editorial também vai suar para te convencer a comprar um livro digital que não vai (por enquanto) poder ser emprestado.

De uma coisa eu tenho certeza. Não nasci com tendências cleptomaníacas, só quero que o meu livro digital seja tão móvel quanto os meus livros em papel. Afinal, não foi para isso que eles vieram?

Um comentário:

  1. Ai Carol,
    Eu sou uma amante a moda antiga, daquelas que ainda manda flores, sonha com a biblioteca dada a Bela pela Fera, e anda com um livro embaixo do braço pra cima e pra baixo como a personagem de Milan Kundera no 'A insuportável leveza do ser'. Eu amo livros, e não consigo nem imaginar, nem sequer supor, ver-me comprando um tablet.
    Eu lembro da aversão que algumas pessoas tinham ao computador, daqueles que juraram jamais largar suas máquinas de datilografia... e acabaram se rendendo aos avanços da tecnologia...

    Pergunto-me se isso vai acontecer comigo... cá eu tenho minhas dúvidas, e declaro amor fiel e eterno aos meus livros de papel, não me importo de carrega-los, não importo o peso, o espaço, a praticidade. Amor fiel e eterno!!! LOL

    ... Mas em relacão ao suposto 4º livro da série Millennium, eu também li sobre esse rumor de que a namorada do Larsson supostamente terminaria a história, mas outros informam que Larsson enviou o manuscrito para o irmão por e-mail 10 dias antes da sua morte... Vai saber qual história é verdadeira né?

    Eu ficaria curiosa ainda que a história fosse terminada pela namorada dele. De acordo com 'biografias', reportagens, Larsson se inspirou na namorada para criar o personagem de Lisbeth, dizem que ela é uma revolucionária, e que Larsson e ela eram uma dupla de respeitados críticos políticos. Claro que não seria ele escrevendo, mas se ela é tudo o que falam, acho que não seria tão ruim assim. Espero!

    Obrigada pela visita, Carol... já adicionei o novo blog.

    Abraços.

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