Eu tenho certeza que não nasci com tendências afanadoras, subtraístas ou qualquer outro neologismo que signifique tirar do coleguinha alguma coisa que não é minha. Mas é assim que o mundo digital, justo esse que eu amo tanto e colaboro tanto para o crescimento (subtraindo, assim, minha conta bancária), me vê. Audácia! Infelizmente, é assim que eles vão ver você também, querido entusiasta do livro digital, até que consigam inventar um jeito de proibir a pirataria (aquela que grita em alto e bom tom na Carioca) e ao mesmo tempo não irritar o bom consumidor que quer ler seus e-books em várias plataformas ou emprestar para outro amigo.
Sim, e porque não emprestar? Não é o que se faz com o livro físico? Junto com a imensa vantagem de não receber o seu livro cheio de orelhas, arranhado ou com cara de velho, vem também a desvantagem (não para você, caro leitor) de ele se multiplicar como uma ameba. Isso porque arquivos podem ser copiados, em vez de movidos, e não é nada bom para o mercado editorial se uma obra comprada se multiplicar despudoradamente por aí, afinal, os livros físicos só se reproduzem dentro da gráfica. Neste caso, você e o analfabeto funcional da Carioca que ganha a vida multiplicando Tropa de Elite antes do lançamento têm tudo em comum.
Por essas e outras que ainda não conseguimos compreender o mercado de livros digitais, e mesmo assim ele já está em cima de nós. Desculpe incomodar o silêncio da sua viagem, mas você, independentemente do DRM do seu livro (assunto para um novo post!), vai querer carregar o seu livro, comprado com o suor do seu trabalho, para onde for: tablet, Kindle, PC, pendrive, afinal, ele é seu! Vai também querer emprestar ele para o coleguinha, afinal, é isso que se faz com um livro e, novamente, ele é seu, certo? Não, exatamente. Como achei muito bem colocado em outro post sobre o assunto, bloqueios como o DRM são dispositivos que fazem com que o legal seja muito mais complicado que o pirata, porque, convenhamos, baixar um livro pirata na internet é muito mais simples do que lidar com todas essas burocracias virtuais. Com isso, as distribuidoras de e-books acabam criando pequenos Gremlins que estariam felizes e dispostos a comprar um livro, mas dão de cara com os DRMs (a água) e resolvem piratear para salvar o que restava de paciência.
O mesmo aconteceu com a música, que agora luta para justificar a existência das gravadoras, em uma época em que qualquer pessoa grava um disco com qualidade digital no conforto de casa. Assim como a indústria da música ainda não descobriu como convencer o internauta a pagar US$ 0.99 por uma música que está disponível gratuitamente na web, o mercado editorial também vai suar para te convencer a comprar um livro digital que não vai (por enquanto) poder ser emprestado.
De uma coisa eu tenho certeza. Não nasci com tendências cleptomaníacas, só quero que o meu livro digital seja tão móvel quanto os meus livros em papel. Afinal, não foi para isso que eles vieram?
Ai Carol,
ResponderExcluirEu sou uma amante a moda antiga, daquelas que ainda manda flores, sonha com a biblioteca dada a Bela pela Fera, e anda com um livro embaixo do braço pra cima e pra baixo como a personagem de Milan Kundera no 'A insuportável leveza do ser'. Eu amo livros, e não consigo nem imaginar, nem sequer supor, ver-me comprando um tablet.
Eu lembro da aversão que algumas pessoas tinham ao computador, daqueles que juraram jamais largar suas máquinas de datilografia... e acabaram se rendendo aos avanços da tecnologia...
Pergunto-me se isso vai acontecer comigo... cá eu tenho minhas dúvidas, e declaro amor fiel e eterno aos meus livros de papel, não me importo de carrega-los, não importo o peso, o espaço, a praticidade. Amor fiel e eterno!!! LOL
... Mas em relacão ao suposto 4º livro da série Millennium, eu também li sobre esse rumor de que a namorada do Larsson supostamente terminaria a história, mas outros informam que Larsson enviou o manuscrito para o irmão por e-mail 10 dias antes da sua morte... Vai saber qual história é verdadeira né?
Eu ficaria curiosa ainda que a história fosse terminada pela namorada dele. De acordo com 'biografias', reportagens, Larsson se inspirou na namorada para criar o personagem de Lisbeth, dizem que ela é uma revolucionária, e que Larsson e ela eram uma dupla de respeitados críticos políticos. Claro que não seria ele escrevendo, mas se ela é tudo o que falam, acho que não seria tão ruim assim. Espero!
Obrigada pela visita, Carol... já adicionei o novo blog.
Abraços.