quinta-feira, 31 de maio de 2012

Por quem os sinos dobram - Ernest Hemingway

Já tive três impressões muito diferentes sobre Ernest Hemingway. Uma delas foi em "Paris é uma festa", de onde vêm uma de minhas frases preferidas sobre viagens, a segunda foi em "O velho e o mar", lindíssimo, e a outra foi o Hemingway relatado em "Casados com Paris", que desconstruiu (ou desmistificou) o autor da minha cabeça. No entanto, para este mês, decidi escolher outro livro do autor, para conhecer um pouco mais.

"Por quem os sinos dobram" ficou famoso depois de virar um longa metragem e retrata a Guerra Civil Espanhola. Embora não tenha participado desta guerra, Hemingway serviu ao exército e cobriu a guerra espanhola como jornalista, já na época em que era casado com sua segunda esposa, Pauline - logo, pouco depois do período em que se passa "Casados com Paris". Embora seja um romance, acredito que tenha algo de autobiográfico no personagem de Robert Jordan, americano encarregado de explodir uma ponte crucial para o avanço dos republicanos (lado que Hemingway apoiava) contra os fascistas.

Todo o livro se passa durante o planejamento da destruição da ponte, com a ajuda de um grupo de ciganos. Jordan se apaixona por uma das ciganas do grupo e traça planos de levá-lá com ele para Madri depois da explosão. As questões políticas entremeiam dúvidas como quem vai sobreviver e se a ponte será efetivamente destruída antes da chegada dos fascistas.

O livro flui bem e faz pensar que Hemingway tem, de fato, muitas facetas. "O sol também se levanta" deve ser o meu próximo. Quem sabe eu chego a uma conclusão sobre ele?

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O americano tranquilo - Grahan Greene

Depois de "Nosso homem em Havana", eu sou fã de Grahan Greene e, por esse mesmo motivo, é difícil ele ainda me surpreender. "...Havana" foi hilário e muitíssimo bem escrito, por isso eu sempre fico com um receio de ele nao ser tão brilhante no próximo livro dele que eu leio. De qualquer forma, quando vi a lista de indicações para a leitura desse mês, não foi difícil escolher esse livro.

"O americano tranquilo" conta a história de um jornalista, Thomas Fowler, durante a guerra de descolonização da Indochina. O livro, como deu para ver, se passa em um
Vietnã em guerra. Fowler, no entanto, já está mais do que cansado de ser correspondente em uma briga que ele não concorda e só pensa em ópio e Phuong, sua namorada vietnamita.

Phuong e Fowler se dão bem apesar de não poderem se casar, já que o personagem já é casado em seu país, a Inglaterra. Um dia, entanto, aparece um americano nessa historia. Tranquilo. Que trabalha para o governo e se apaixona por Fowler. Em meio a tiros, bombas, espionagem, fumaça de ópio e mortes, os dois tentam decidir de maneira muito diplomática quem tem mais razões para continuar com Phuong. Mas a guerra acaba decidindo o fim da história, como podemos imaginar desde o primeiro capitulo.

"O americano tranquilo" tem algumas características bem semelhantes a "Nosso homem em Havana", como o sarcasmo, um narrador muitas vezes mentiroso e o pano de fundo histórico, que complementa sem atrapalhar a trama.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Casados com Paris - Paula McLain

Angustiante. "Casados com Paris" é extremamente angustiante, o que juntou com o fato de eu já ter livro "Paris é uma festa", de Ernest Hemingway, e estar durante a tal da superlua, só sei que eu queria matar todo mundo naquele livro. Tá, nem tanto, só às vezes. O subtítulo explica tudo: "A história de ambição, amor e traição do jovem Hemingway e de sua primeira esposa durante os Anos Loucos na década de 20 na efervescente Paris". Hemingwayé o mesmo de "Paris é uma festa", "Por quem os sinos dobram", "O sol sempre nasce" e tantos outros. Neste livro, Paula McLain conta a história dele com a primeira esposa, Hadley, do ponto de vista dela.

O período é o mesmo de "Paris é uma festa", ou seja, anos 20, "efervecente Paris", época em que "todos" os escritores americanos estavam na Europa: Fitzgerald, Hemingway, Stein e todo mundo escrevia e bebia loucamente nos cafés parisienses. Tinha que dar "errado",  né. E deu, mas antes de dar errado, deu tudo errado por muitos e muitos capítulos, até você gritar para a Hadley: "Pelamordedeus, mulher, termina esse livro, senão eu termino ele pra você!".

Se você quer saber o quanto ele deu errado, Hadley foi a primeira das quatro esposas de Hemingway, que se matou com dois tiros depois das quatro. Essa parte é só um epílogo, já que o livro termina mesmo quando a Hadley finalmente se livra dele. Se você é mais um dos fãs de Hamingway, vai querer separar o escritor da pessoa depois desse livro.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

As meninas - Lygia Fagundes Telles

Que me desculpem os críticos, os professores de literatura, a Lygia e todo mundo, mas "As Meninas" definitivamente não foi feito para mim. Este era o mês de livros que se passam em alguma época histórica e este foi escolhido por retratar a ditadura brasileira, além de ser um exemplar de uma grande autora nacional. Reconheço todos os méritos da Lygia e das Meninas, mas simplesmente não via a hora do livro acabar.

Foi um dos poucos que eu consegui comprar na versão digital, e algo já me dizia que eu podia fazer isso sem medi de querer guardá-lo na minha estante mais tarde. Demorei mais do que eu esperava para ler e gostei dele menos do que eu achei que gostaria.

O livro, como já disse, tem a ditadura como pano de fundo. Ele se passa em um pensionato e gira entorno de três meninas, amigas, porém muito diferentes. Uma delas é revolucionária, se prepara para deixar o país e se juntar ao namorado preso que vai ser libertado. Outra é uma patricinha de família rica, estudante de Direito e alienada por opção. A terceira vive drogada e não fala coisa com coisa - passa metade do tempo atrasada para se encontrar com o noivo rico, enquanto se droga com o amante pobre.

A ditadura está lá, o sequestro do embaixador está lá, o medo da polícia, as referências históricas escondidas, está tudo lá - em meio a uma narração freqüentemente bem embolada e truncada (já que uma nas narradoras só fala coisas bobinhas, outra só fala marxismo e a terceira só fala. Ponto).

Quando comecei finalmente a me empolgar muito com o livro, faltava umas dez páginas para ele acabar. As dez últimas páginas salvam, mas eu estou com livro demais na minha cabeceira para fazer com que as outras 220 prendam a minha atenção. Desculpa, Lygia, ainda te adoro, mas que pensionato foi esse?