No último dia do mês, terminei o terceiro livro da série de literatura gastronômica do desafio. "Sangue, ossos e manteiga", da chef Gabrielle Hamilton, já estava na minha lista de "para ler" desde antes de ser traduzido para português. Ele estava na lista dos mais lidos do Goodreads e tinha uma capa super interessante. Eu tinha ele em ebook no iPad, mas nunca cheguei a terminar o primeiro capítulo. Com o desafio, acabei comprando o livro de verdade e pegando para ler (de verdade).
Gabrielle Hamilton é um versão feminina de Anthony Bourdain. Desbocada, ela já foi chef, já trabalhou em lanchonetes nojentinhas, já trabalhou como garçonete, já foi pobre, já foi lésbica, já foi drogada, já casou para salvar um italiano da deportação, já teve dois filhos, já abriu um restaurante, já escreveu um livro e mais um monte de coisa. Bourdain inclusive menciona Gabrielle em "Ao ponto", sendo uma das poucas figuras que ele critica só um pouco (enquanto todos os outros chefs ele joga aos porcos).
O livro conta a história de Gabrielle desde a infância, com a mãe francesa que a ensinou a comer e a cozinhar bem, até a separação dos pais, quando aprendeu com o pai a matar uma galinha (o que no caso dela acaba sendo desastroso - para a galinha, principalmente), um grande período de drogas e falta de comida até chegar a abrir o seu próprio restaurante, onde conhece seu futuro marido, prestes a ser deportado dos EUA, com quem visita anualmente a Itália e suas maravilhas gastronômicas.
"Sangue, ossos e manteiga" tem mais biografia do que propriamente sangue, ossos e manteiga. Ou seja: comida. Mas justamente por isso é tão recomendado para todo mundo que quer um livro leve para ler - ao contrário do que a cabeça decepada da capa e o título possam parecer.
[**** - 4 estrelas!]
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Sangue, Ossos e Manteiga - Gabrielle Hamilton
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
A mesa voadora - Veríssimo
Veríssimo é tudo. O de verdade, e não aquele que você recebe por e-mail de gente que repassa tudo o que recebe. O Veríssimo de verdade tem um senso de humor sutil, disfarçado de ironia, disfarçado de falta de educação ou algo do tipo. E tem cara de quem gosta de uma comida boa de verdade. "A mesa voadora" é um daqueles livros fininhos que muita gente já leu na escola. É uma coletânea de crônicas publicadas sobre comidas, vinhos, restaurantes, viagens gastronômicas e comilanças em geral. O livro é uma delícia.
Em "A mesa voadora", Veríssimo fala mal da salsinha, ensina a furar fila no buffet, trava uma guerra entre não entedendores de vinho, conta vantagem sobre suas viagens gastronômicas mais invejáveis, come bem, come mal e come muito. Ele apresenta alguns personagens cativantes de restaurantes e bares, passeia pelo Rio, por Porto Alegre, por São Paulo, pela Itália e por vários outros lugares gostosos, de cinco ou nenhuma estrela.
Meu carinho pela salsinha e por Veríssimo lutaram durante o livro inteiro, mas Veríssimo ganhou no final e eu não pude ficar chateado com ele por isso. Espero que ele não fique chateado por eu continuar comendo salsinhas...
[**** - quatro estrelas!]
Em "A mesa voadora", Veríssimo fala mal da salsinha, ensina a furar fila no buffet, trava uma guerra entre não entedendores de vinho, conta vantagem sobre suas viagens gastronômicas mais invejáveis, come bem, come mal e come muito. Ele apresenta alguns personagens cativantes de restaurantes e bares, passeia pelo Rio, por Porto Alegre, por São Paulo, pela Itália e por vários outros lugares gostosos, de cinco ou nenhuma estrela.
Meu carinho pela salsinha e por Veríssimo lutaram durante o livro inteiro, mas Veríssimo ganhou no final e eu não pude ficar chateado com ele por isso. Espero que ele não fique chateado por eu continuar comendo salsinhas...
[**** - quatro estrelas!]
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Escola dos Sabores - Erica Bauermeister
Como já expliquei no último post, estou participando de outro desafio, dessa vez temático. "Escola dos Sabores" foi o primeiro livro lido no ano, no mês dedicado à literatura gastronômica. Eu já tenho uma biblioteca bem extensa desse tema, então fui atrás de coisas que eu ainda não tinha lido. Como era de se esperar, escolhi esse aí pela capa. Normalmente eu não erro, mas tem sempre uma primeira vez. Não sei se foi o interesse com o tema ou a quantidade de comparações, já que eu já li vários outros livros sobre comidas, mas Erica Bauermeister não me convenceu nem de longe.
O livro, como o nome já diz, conta a história de um curso de culinária. Cada capítulo é dedicado a um personagem, que são justamente os alunos do curso e a professora, Lilian. Cada um tem uma história de vida para contar e um motivo para estar ali, naquela sala de aula. Uns receberam o curso como presente de familiares, outros buscavam aprimorar um hobby, outros saíam de depressões... Enfim, cada capítulo era quase que um conto próprio, o que poderia ter dado certo. Mas não deu.
"Escola de Sabores", da Sextante - editora conhecida por publicar livros muito bem sucedidos de autoajuda -, lembra exatamente isso: autoajuda. Ele começa muito bem, com a história da infância da professora, Lilian, mas desanda no caminho. A comida, que deveria ser exatamente o fio condutor da história, fica em segundo plano. O roteiro poderia se passar em uma escola de mecânica ou em um pré-vestibular, ou seja, a cozinha foi simplesmente um lugar onde todos aqueles personagens cheios de problemas foram jogados, quase um Big Brother psicológico.
Quando cada um terminou de contar sua história e os capítulos chegaram ao fim... Fim do livro. Meio como Dubliness, mas numa versão mais leve e rosa. Só de eu tê-lo terminado, quer dizer que não é tão ruim assim, conheço inclusive gente que vai ter muito mais sensibilidade para apreciar a leitura mais do que eu, mas não valeu como primeira leitura do ano. Corri para o Veríssimo, que vem no próximo post.
[* - uma estrela!]
O livro, como o nome já diz, conta a história de um curso de culinária. Cada capítulo é dedicado a um personagem, que são justamente os alunos do curso e a professora, Lilian. Cada um tem uma história de vida para contar e um motivo para estar ali, naquela sala de aula. Uns receberam o curso como presente de familiares, outros buscavam aprimorar um hobby, outros saíam de depressões... Enfim, cada capítulo era quase que um conto próprio, o que poderia ter dado certo. Mas não deu.
"Escola de Sabores", da Sextante - editora conhecida por publicar livros muito bem sucedidos de autoajuda -, lembra exatamente isso: autoajuda. Ele começa muito bem, com a história da infância da professora, Lilian, mas desanda no caminho. A comida, que deveria ser exatamente o fio condutor da história, fica em segundo plano. O roteiro poderia se passar em uma escola de mecânica ou em um pré-vestibular, ou seja, a cozinha foi simplesmente um lugar onde todos aqueles personagens cheios de problemas foram jogados, quase um Big Brother psicológico.
Quando cada um terminou de contar sua história e os capítulos chegaram ao fim... Fim do livro. Meio como Dubliness, mas numa versão mais leve e rosa. Só de eu tê-lo terminado, quer dizer que não é tão ruim assim, conheço inclusive gente que vai ter muito mais sensibilidade para apreciar a leitura mais do que eu, mas não valeu como primeira leitura do ano. Corri para o Veríssimo, que vem no próximo post.
[* - uma estrela!]
Assinar:
Postagens (Atom)