segunda-feira, 30 de abril de 2012

Mar de papoulas - Amitav Ghosh

Este mês, do Desafio Literário, foi dedicado à literatura oriental, da qual eu tenho muito poucos exemplares na estante. A minha primeira opção era "País das Neves", de Yasunari Kawabata. Mas, infelizmente, a Livraria da Travessa não tinha nenhum exemplar dele. Infelizmente, porque a vendedora era apaixonada por esse livro e falou super bem dele. Deixei para comprar mais tarde, mas não imaginei que ia ser tão difícil de encontrar. A segunda opção era "Mar de papoulas", do indiano Amitav Ghosh, que foi uma grata surpresa.

No início, é um livro um pouco complicado de ler, já que é escrito com algumas gírias, inglês, bengali e mais um monte de dialetos (descobri mais tarde que a Índia tem uns 400 dialetos, o que explica a diversidade de idiomas no livro). É quase um papiamento. No fim do livro tem um glossário imenso, mas eu não tenho paciência com glossários e resolvi tentar entender o contexto das frases. Com o tempo, algumas palavras se repetem e fica muito mais fácil de entender.

A história se passa durante pouco antes da guerra do ópio, quando praticamente todas as plantações indianas são substituídas por plantações de ópio para exportação. A população fica quase sem ter o que comer, já que mais nada é plantado, conhecem o vício do ópio e pequenas cidades mudam drásticamente por conta dessa nova economia. O sistema de castas indiano também é muito presente durante toda a narrativa.

O livro conta, na verdade, diversas histórias de pessoas de diversas castas, mas todas elas ligadas de alguma forma ao ópio e, mais importante, ao Ibis, um navio que vira um personagem à parte. Ao longo do livro você percebe que essas pessoas de histórias de vida tão diferentes, vão todas desembocar no Ibis, para continuar a trama dentro de um navio de escravos.

A leitura foi completamente diferente do que eu estou acostumada, mas valeu muito a pena. A história é interessantíssima e a forma como Amitav brinca com as palavras de vários dialetos em uma mesma conversa é muito divertida. O contexto histórico fica como pano de fundo, mas não é menos importante. Uma boa pedida para quem quer um pouco mais do gosto da Índia.